segunda-feira, 24 de setembro de 2012

NON JE NE REGRETTE RIEN (NÃO, EU NÃO LAMENTO NADA)


Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus temores
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!



"Non je ne regrette rien" é
composição original de
Michel Vaucaire/Charles Dumont

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

 
- Qual a mais forte das armas,
A mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina,
A pistola? O bacamarte?
A espingarda, ou a flecha?       
O canhão que em praça forte
Faz em dez minutos brecha?
- Qual a mais firme das armas?
O terçado, a fisga, o chuço,
O dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço,
O punhal, ou o chifarote?...      
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana,
Atendei, meus bons amigos:
Se apelida: - A língua humana!

 
Fagundes Varela

Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...

Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso... de um gesto... um olhar...


Mário Quintana

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mikoto (minha gata *-*)

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?


Alexandre O'Neill

AS ALDEIAS

Harvest with Irises Collage (artist interpretation)- Vincent Van Gogh

Eu gosto das aldeias sossegadas,
com o seu aspecto calmo e pastoril,
erguidas nas colinas azuladas,
mais frescas que as manhãs finas de Abril.

Pelas tardes das eiras, como eu gosto
de sentir a sua vida activa e sã!
Vê-las na luz dolente do sol-posto,
e nas suaves tintas da manhã!...

As crianças do campo, ao amoroso
calor do dia, folgam seminuas,
e exala-se um sabor misterioso
de agreste solidão das suas ruas.

Alegram as paisagens as crianças
mais cheias de murmúrios do que um ninho:
e elevam-nos às coisas simples, mansas,
ao fundo, as brancas velas dum moinho.

Pelas noites de estio, ouvem-se os ralos
zunirem nas suas notas sibilantes...
E mistura-se o uivar dos cães distantes
com o cântico metálico dos galos.


Gomes Leal

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

MINHA HISTÓRIA


Não serei uma mulher de época
De fatos passados, como um personagem de filme
Não ficarei taciturna em um canto escuro
Vendo a vida passar por meu olhos.

Não serei uma criatura muda sem alegrias
Envelhecendo aos poucos, igual a móveis velhos,
Esperando o ultimo suspiro chegar
Não serei alguém sem esperanças, a vida me chama.

Não ficarei calada, ante uma injustiça
Não pedirei perdão, por ser contrária.
A vida é tão rica, que me prende nela
E com ela, vou seguindo levando sopros e múrmurios.

Levo alegria, levo sorrisos pela brisa, pelo vento
Não serei aquela que deixou o poder falar alto
Serei o presente, na forma de idéias
Serei vida, calor e eterno aprendizado.

Serei dia, tarde e noite de luar.
E da minha janela ocular, olharei as paisagens
e nelas gravarei apenas,
a minha História.


Betânia Uchôa