sexta-feira, 27 de abril de 2012

TODA PALAVRA


Toda palavra voa nebulosa
até chegar latente ao nosso chão.
Pousa sem pressa ou prece em mansa prosa
caída chuva breve de verão.

Toda palavra se abre generosa
para abrigar segredos num porão
lá onde sobram sombras sinuosas
levantando a poeira no perdão.

Toda palavra veste-se vistosa
para fazer afagos na paixão
uma pantera em paz, porém tinhosa.

Toda palavra enfim é explosão
que o mundo só é mundo por osmose
pois há um outro ser no coração.


Aníbal Beça

SABE QUANDO A GENTE ABRE OS BRAÇOS?


Sabe quando a gente abre os braços, inventa um espaço
Um lugar que cabe alguém que se torna o nosso mundo
Onde há uma multidão, mas somente um rosto eu caço
Nos invade um sentimento que tem um sabor profundo.

Sabe quando a gente abre os braços, e ali é o dicionário
Todas as palavras são lançadas no silêncio do momento
Há em meio aos braços a extensão; é um confessionário
Tem ali um transbordamento, há um mar de sentimento.

Sabe quando a gente abre os braços e alcança o infinito
Traz alguém do mundo para o nosso mundo particular
Sabe... É ali que a gente se transforma no verbo amar!

Sabe quando a gente abre os braços e fecha o circuito
Por todo sempre molda alguém no cerne desse espaço
Assim eu sinto você, moldado na alma do meu abraço.


Raquel Ordones

segunda-feira, 23 de abril de 2012

MINHA ALMA


É esse meu endereço
Minha rua, meu lugar
Numero torto, pelo avesso
Meu cais, meu hangar
É essa minha alma
Minha cor, meu repouso
Da mão, a palma
O verso que arrisco e ouso
É essa minha vida
Meu caminho percorrido
Anjo torto, suicida
Meu corpo puro e ungido
É esse meu canto
Minha voz mezzo-soprano
Os males que choro e espanto
Meu silêncio soberano.


Amélia de Morais

PRANTO


Ah...chorar, as vezes choro.
Por tanto, por nada,
por viver, sei lá.

Mas é um pranto que escuto
sei o que me diz,
como a narração de um drama.

Como a visão de um mundo novo,
como viajar na música
no filme da vida inteira.

Aprendi a chorar com as crianças
que lamentam a dor,
mas trocam o sofrimento por um brinquedo.

Chorar é dizer...sinto, vivo, vejo, viajo
ouço a dor do mundo,
escuto os sinos do paraíso.

Demorei muito para entender
a beleza do pranto,
correr para os braços da mãe,
chorar de amor.

Hoje, não há encantamento
que me faça privar minhas lágrimas
de sorrir comigo.


Danniel Valente

domingo, 15 de abril de 2012

TRISTEZA NÃO!


Não compartilho tristezas
Elas não fazem bem a mim
Como poderia dividi-las?
... Estas ficarão guardadas
Esperando para serem recicladas
Transformadas em alegrias
Porque na vida tudo passa
E as tristezas também...
Prefiro compartilhar minhas emoções
Meus belos momentos
Minha Paz, meu mais lindo sentimento
O Amor!
Ah, o Amor...
Me deixa de pernas pro ar
Com cara de boba
E um sorriso idiota na cara!
Que deslumbrada!


Carina Morais

quinta-feira, 5 de abril de 2012

PROPAGAÇÃO


Os livros tem próprio movimento,
Dançam uma dança invasora,
Embalados pelo vento,
Dotados de asas invisíveis,
São aves-metáforas,
A visitar almas aflitas.
Messe confortadora,
Histórias nômades,
Poemas viajantes;
Pérolas escritas,
Mensagens da sabedoria,
Que impregnam poros,
Envolvem neurônios,
Visitam o centro da periferia.
Bendito coro
de vozes canoras.
Invadam todos cantos,
Cantem todas canções,
Batam de porta em porta,
Introduzam nas áridas mentes,
Nos petrificados corações,
O bálsamo sagrado,
O Poema falado,
A palavra inteligente!


Gustavo Drummond