quarta-feira, 4 de maio de 2011



Não fosse a vida um fardo,
não fosse a dor um caldo amargo,
não fosse o desespero um último trago...

Teu nome foi aprendiz.
Tinhas a alma por um triz,
pedaços que colei,
cascalhos de esmeraldas que juntei.

Vi verdade onde havia vaidade.

Vi a cor verde em sede
brilhando no azul da minha parede.
Vi através do que deixastes entrever...

Olhei com meus olhos sem fel
e vi você, sempre vi mel...

Sempre soube você,
em todos os seus versos,
em todas as promessas.

Perverso, complexo,
adverso, convexo,
como um canto de cor
ecoado nesse sem nexo.

Como o suspiro do fim do sexo.

Ah! Poeta...

A mágoa é funda.
A dor é crua e surda.

E não me chames de desembestada.

Na verdade, se não for para dizer sim,
não diga nada.

Deixa que me cure, quieta, calada.
Deixa que ardo, sozinha
e por ti e por mim.

Deixa largado...


Matilda Penna

Um comentário:

Claudia disse...

Muito bom passar por aqui e ainda por cima encontrar uma postagem tão especial...bjs