sexta-feira, 25 de maio de 2012


Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite sobre suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como o âmbar dormindo.

Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma viajará pela sombra comigo,
só tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.

Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo
teus olhos se fecharam como duas cinzas,

enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelaram seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho.


Pablo Neruda

Nenhum comentário: