segunda-feira, 19 de julho de 2010

DUNAS



Dei-te os dias, as horas e os minutos

Destes anos de vida que passaram;

Nos meus versos ficaram

Imagens que são máscaras anônimas

Do teu rosto proibido;

A fome insatisfeita que senti

Era de ti,

Fome do instinto que não foi ouvido.


Agora retrocedo, leio os versos,

Conto as desilusões no rol do coração

Recordo o pesadelo dos desejos,

Olho o deserto humano, desolado,

E pergunto porquê, porque razão

Nas dunas do teu peito o vento passa

Sem tropeçar na graça

Do mais leve sinal da minha mão.


Miguel Torga

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