sábado, 7 de agosto de 2010

BELO



Belo belo belo,

Tenho tudo quanto quero.


Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.

E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes.


A aurora apaga-se,

E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.


O dia vem, e dia adentro

Continuo a possuir o segredo grande da noite.


Belo belo belo,

Tenho tudo quanto quero.


Não quero o êxtase nem os tormentos.

Não quero o que a terra só dá com trabalho.


As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:

Os anjos não compreendem os homens.


não quero amar,

não quero ser amado.

não quero combater,

não quero ser soldado.


— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.


Manuel Bandeira

Um comentário:

Décio disse...

Selma,

parabéns pelo seu blog. Nem comecei a visitá-lo e já estou gostando.
Se quiser, procure-me no Orkut, pois podemos trocar mensagens.

Abs.