terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

LÁGRIMA DE PRETA



Encontrei uma preta

que estava a chorar,

pedi-lhe uma lágrima

para a analisar.


Recolhi a lágrima

com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,

do outro e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.


Mandei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que tais.


Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:


nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.


António Gedeão

Um comentário:

Silvia disse...

Selma,
você sempre descobrindo palavras que dizem muito, como nesses versos
que mostram como são as lágrimas dos falsos.
Uma boa semana pra ti.