domingo, 3 de março de 2013

SILÊNCIO



No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...
Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!
Estou junto de ti e não me vês...
quantas vezes no livro que tu lês
meu olhar se pousou e se perdeu!
Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa...Escuta!...Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!...Abre! Sou eu!...


Florbela Espanca

Um comentário:

chica disse...

Muito linda essa poesia! beijos,chica